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18 de Abril de 2024

Nulidade absoluta após trânsito em julgado pode ser arguida em simples petição

há 9 anos

Em julgamento de embargos de divergência, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a possibilidade de impugnação de nulidades absolutas após o trânsito em julgado do processo e por simples petição nos autos.

O caso julgado é do Distrito Federal e envolveu ação de cobrança movida pela massa falida de uma empresa de engenharia contra a antiga Coalbra Coque e Álcool Madeira S/A, sociedade de economia mista vinculada ao Ministério da Agricultura.

A ação principal transcorreu na Justiça do Distrito Federal, mas a execução passou para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região após a União entrar no processo.

O pedido foi julgado parcialmente procedente. Com o trânsito em julgado do acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), iniciou-se o processo de liquidação. Em outubro de 1994, foi prolatada sentença homologatória dos cálculos de liquidação.

Nulidades

No mesmo ano, entretanto, a Coalbra foi extinta e a União, como sucessora, passou a compor o polo passivo da ação. O juízo de direito determinou, então, a expedição de precatórios contra a União sem a devida citação e sem o deslocamento de competência para a Justiça Federal.

A União protocolou petição em que alegava a nulidade das sentenças proferidas nos processos de conhecimento e de liquidação.

O pedido foi indeferido ao fundamento de que a pretensão só poderia ser apreciada por meio de ação rescisória, “e não através de mera petição lançada aleatoriamente nos autos”. Contra essa decisão, a União interpôs recurso especial, que foi provido pela Primeira Turma do STJ.

Exceção de pré-executividade

Segundo o acórdão, "a nulidade por incompetência absoluta do juízo e ausência de citação da executada no feito que originou o título executivo são matérias que podem e devem ser conhecidas mesmo que de ofício, a qualquer tempo ou grau de jurisdição”. A turma considerou “perfeitamente cabível” que tais nulidades fossem impugnadas por meio de simples petição, “o que configura a cognominada exceção de pré-executividade".

Foram opostos embargos de divergência pela massa falida, apoiada em acórdãos que entenderam que somente por meio de ação rescisória seria possível desconstituir a formação da coisa julgada, mesmo que a decisão tivesse sido proferida por juízo absolutamente incompetente.

O relator dos embargos, ministro Humberto Martins, entretanto, entendeu pela prevalência da tese do reconhecimento da nulidade de ofício. Segundo ele, como a União não foi citada para participar do processo de liquidação, a relação jurídico-processual nem sequer chegou a se formar na ação de liquidação, razão pela qual não é possível falar em coisa julgada contra a União.

“A nulidade absoluta insanável – por ausência dos pressupostos de existência – é vício que, por sua gravidade, pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado, mediante simples ação declaratória de inexistência de relação jurídica (o processo), não sujeita a prazo prescricional ou decadencial e fora das hipóteses taxativas do artigo 485 do Código de Processo Civil”, concluiu o relator.

O julgamento foi no último dia 17, mas o acórdão ainda não está publicado.
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4 Comentários

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Ótima decisão. Tem juízes Brasil à fora (principalmente na justiça do trabalho) que aceitam pedido e determinam em petição trabalhista e de execução, a constrição de valores e de bens, sem obedecer a citação valida do executado. continuar lendo

Parece que esse "decisum" afasta-se dos princípios platonianos e se aferra a Carl Marx, o que fará desaparecer o ESTADO BRASILEIRO. É que a "coisa julgada" é o conteúdo do Estado de Direito, ou do Estado (Nação politicamente organizada). Quando a palavra do Judiciário não merecer estabilidade, ele não existirá mais para fim estabilizar as relações sociais. Valerá a lei da força física, ou força econômica. Isso mostra o quanto nosso ESTADO apodreceu, depois que Carl Marx substituiu a PLATÃO, nas nossas universidades. continuar lendo

otima decisao. todavia ha ainda o erro de nao colocarem o numero do processo, no caso, RESP. para melhor consulta peco aos adminitradores que atentem para isso por favor !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! continuar lendo

otima decisao. todavia ha ainda o erro de nao colocarem o numero do processo, no caso o do recurso especial, para fins de consulta ao processo e o tero da decisao...... aos adminitradores corrigam por favor e coloquem o numjero do processo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!. continuar lendo