Acesse: https://www.jusbrasil.com.br/cadastro
- 2º Grau
Acesse: https://www.jusbrasil.com.br/cadastro
Inteiro Teor
Superior Tribunal de Justiça Revista Eletrônica de Jurisprudência |
RELATOR | : | MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ |
AGRAVANTE | : | ROMERO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI FILHO |
ADVOGADO | : | ROMERO GRUND LOPES E OUTRO (S) - PE021817 |
AGRAVADO | : | MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO |
RELATOR | : | MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ |
AGRAVANTE | : | ROMERO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI FILHO |
ADVOGADO | : | ROMERO GRUND LOPES E OUTRO (S) - PE021817 |
AGRAVADO | : | MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO |
ROMERO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI FILHO agrava de decisão na qual conheci do agravo para negar provimento ao recurso especial.
O recorrente sustenta a violação do princípio da colegialidade, "eis que a matéria tratada no AREsp mereceria – e merece – um julgamento completo, permitindo-se inclusive intimação prévia para fins de sustentação oral" (fl. 592).
Alega, ainda, acerca da ausência de prequestionamento, que "poderia-se muito bem, em casos tais, ser concedido habeas corpus de ofício" (fl. 592).
Requer o provimento do recurso.
Não obstante os esforços perpetrados pelo ora agravante, não constato fundamentos suficientes a infirmar a decisão agravada, cuja conclusão mantenho.
Inicialmente, constato que não foi impugnada a legalidade da dosimetria, limitando-se o agravante a questionar a incidência das Súmulas n. 284 e 282, ambas do STF.
Passo, portanto, à análise das matérias questionadas pela defesa.
I. Violação do princípio da colegialidade
Quanto à alegada violação do princípio da colegialidade, o art. 932, VIII, do Código de Processo Civil, c⁄c o 253, parágrafo único, II, a e b, parte final, do RISTJ, permite ao relator conhecer do agravo para não conhecer do recurso especial manifestamente inadmissível ou negar provimento ao recurso especial contrário à jurisprudência dominante acerca do tema suscitado.
Na hipótese, a decisão proferida não descurou do princípio da colegialidade, visto que constatou a incidência das Súmulas n. 282 e 284 do STF, bem como não identificou a apontada ilegalidade na dosimetria da pena.
Dessa forma, há previsão legal e regimental para o relator julgar, monocraticamente, o agravo em recurso especial quando constatadas as hipóteses contidas na norma citada, o que afasta a alegada ofensa ao princípio da colegialidade.
Ademais, "o julgamento monocrático do recurso especial não constitui ofensa ao princípio da colegialidade, sobretudo porque, conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, com a interposição de agravo regimental, torna-se superada a alegação de violação ao referido postulado, tendo em vista a devolução da matéria recursal ao órgão julgador competente" (AgRg no REsp n. 1.571.787⁄MG, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, 6ª T., DJe 20⁄5⁄2016).
II. Violação do art. 155 do CPP – ausência de prequestionamento
No tocante à pretendida violação do art. 155 do CPP, identifiquei a ausência de prequestionamento da tese. Consoante registrei na decisão impugnada, o acórdão negou provimento ao apelo defensivo, por entender devidamente comprovado o crime de roubo pelo qual o agravante foi condenado, bem como confirmou a legalidade da dosimetria realizada. Todavia, a tese acerca da ausência de provas judiciais para a condenação, no enfoque pretendido pela defesa, não foi apreciada.
De acordo com a reiterada jurisprudência desta Corte, reafirmo que, para que se atenda ao requisito do prequestionamento, é necessário que a questão haja sido objeto de debate pelo Tribunal de origem, à luz da legislação federal indicada, com emissão de juízo de valor acerca do dispositivo legal apontado como violado, o que não ocorreu na espécie. Incide, portanto, o óbice da Súmula n. 282 do STF, que também é observada por esta Corte: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada".
III. Tipicidade objetiva do crime – deficiência na fundamentação
Após atenta leitura das razões de recorrer aduzidas, constatei a deficiência na fundamentação no tocante ao reconhecimento da tipicidade objetiva do crime de roubo, pois o recorrente não desenvolveu, de forma lógica e com um mínimo de profundidade, as razões jurídicas acerca dessa violação.
Com efeito, em seu confuso arrazoado, a defesa argumenta sobre a comprovação do crime supostamente praticado pelo recorrente, tece considerações sobre a teoria da equivalência dos antecedentes, além de fazer menção à consumação do roubo.
Assim, mantenho a conclusão de que fica descumprido requisito imprescindível para o conhecimento do recurso, a teor do enunciado sumular n. 284 do Supremo Tribunal Federal, observado por esta Corte, in verbis: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia".
Ainda que assim não fosse, para alterar a conclusão acerca da participação do agravante na empreitada criminosa e afastar a tipicidade objetiva da sua conduta, como pretende o especial, seria necessária a incursão no conjunto fático-probatório delineado nos autos, procedimento vedado nesta esfera, a teor da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça.
Ilustrativamente:
IV. Dispositivo
À vista do exposto, nego provimento ao agravo regimental.
Número Registro: 2017⁄0058710-9 | AREsp 1.069.291 ⁄ PE |
MATÉRIA CRIMINAL |
EM MESA | JULGADO: 07⁄12⁄2017 |
AGRAVANTE | : | ROMERO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI FILHO |
ADVOGADO | : | MARCUS VINÍCIUS CARVALHO ALVES DE SOUZA E OUTRO (S) - PE020401 |
AGRAVADO | : | MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO |
AGRAVANTE | : | ROMERO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI FILHO |
ADVOGADO | : | ROMERO GRUND LOPES E OUTRO (S) - PE021817 |
AGRAVADO | : | MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO |
Documento: 1666008 | Inteiro Teor do Acórdão | - DJe: 15/12/2017 |