Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
25 de Abril de 2024
    Adicione tópicos

    Promessa de honorários no interesse de filho menor não extrapola limites do poder familiar

    há 11 anos

    A contratação de advogado por representante legal, para defender judicialmente direito de menor, mediante honorários advocatícios contratuais ad exitum (quando o pagamento só é feito se a decisão for favorável à parte contratante), pode ser considerada ato de simples administração. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento a recurso especial do Ministério Público (MP).

    No processo analisado pela Turma, o contrato de honorários advocatícios, fixados em 30% do valor da condenação, foi formalizado para a propositura de ação de cobrança, com a qual uma menor representada pela mãe pretendia receber o pagamento de indenização do seguro obrigatório (DPVAT).

    Com a procedência da ação, a seguradora depositou em juízo o valor total da condenação, aproximadamente R$ 21 mil, sobre o qual foi pedida a liberação da verba honorária contratada. O juízo de primeiro não autorizou o levantamento dos honorários.

    Ao analisar recuso contra essa decisao, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) concluiu pela validade da cláusula contratual a respeito da verba advocatícia, contrariando parecer do MP. Entretanto, reduziu o percentual para 15%, porque a sentença já havia fixado honorários sucumbenciais no mesmo percentual.

    Mera gestão

    No recurso especial, o MP sustentou que a contratação de advogado deveria ter sido submetida ao Poder Judiciário, uma vez que não se caracterizaria como ato de mera gestão. Afirmou que o percentual contratado é expressivo e, por essa razão, deveria ser integralmente arcado pela representante legal da menor.

    Para o MP, a decisão do TJSP violou o artigo 82 do Código de Processo Civil (CPC), pois, segundo ele, a ausência da sua interveniência no momento da contratação do advogado acarretaria nulidade decorrente do interesse indisponível do incapaz.

    De acordo com a ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso especial, o MP não demonstrou como o dispositivo legal mencionado teria sido violado. As razões não sustentam a necessidade de atuação do Ministério Público em fase que antecede a propositura de ações judiciais, afirmou.

    Ela explicou que a administração dos bens de filhos menores é mais um dos deveres impostos aos pais por expressa disposição legal. Decorre eminentemente do poder familiar, instituto atualmente identificado por seu caráter protetivo, comentou a relatora.

    Apesar disso, ela lembrou que o Código Civil limita a administração dos bens dos filhos menores pelos pais sempre que o ato a ser praticado ultrapasse a simples administração. Para essa hipótese, a lei diz que a intervenção judicial é imprescindível.

    Interesse exclusivo

    Segundo a ministra, não há uma resposta legal prévia ou um rol taxativo que defina o que caracteriza a simples administração ou o que desborda esse conceito. Por essa razão, cabe ao juiz verificar, em cada caso, sua conformação ou não ao espírito protetivo da regra legal.

    Segundo a relatora, a mãe, no exercício do poder familiar, outorgou procuração a advogado para defesa de interesse exclusivo da menor. Preservou-se o interesse da menor, que não seria responsabilizada por obrigação sem o bônus de sua procedência e o consequente acréscimo patrimonial considerável, mencionou.

    Por fim, Nancy Andrighi afirmou que a atuação da representante revelou-se exercício razoável do poder familiar, inserindo-se no conceito aberto de ato de simples administração, pelo qual dispôs de maneira estritamente proporcional de parcela do patrimônio acrescido.

    Esta página foi acessada: 4 vezes

    • Publicações19150
    • Seguidores13356
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações4307
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/promessa-de-honorarios-no-interesse-de-filho-menor-nao-extrapola-limites-do-poder-familiar/100395941

    Informações relacionadas

    Rafael Rodrigues Cordeiro, Advogado
    Modelosano passado

    Modelo 2023 - Contrato de Honorários - Previdenciário - Cláusulas novas!

    Mariana Oliveira, Advogado
    Modeloshá 4 anos

    Modelo Procuração - Menor Representado

    Tamara Rocha, Advogado
    Modelosano passado

    Modelo de contrato previdenciário para BPC- Loas

    Tribunal de Justiça de Minas Gerais
    Jurisprudênciahá 2 anos

    Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Agravo de Instrumento-Cv: AI XXXXX-42.2021.8.13.0000 Muriaé

    Aurélio Jose Bernardo, Advogado
    Modeloshá 4 anos

    Contrato de Honorários Advocatícios

    3 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

    Gosto da Ministra Nancy Andrighi, é muito inteligente e sensata edm suas decisões, admiro seus trabalhos, esses comentários me ajudaram muito parabéns. continuar lendo

    B continuar lendo

    Como já comentei, um trabalho excelente. continuar lendo